TARJA VERMELHA: Tratamento de Choque: Fonte da Vida (2006) <body topmargin="0" leftmargin="0">
 

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Kibe Loco

 

 

Tratamento de Choque: Fonte da Vida (2006)



Seria a morte um ponto final? Seria nossa existência apenas um rascunho de algo maior? Ou a morte seria um recomeço, onde nos é concedida uma nova chance? E existiria algo ou alguém que seria o responsável por tal consentimento? Essas questões sempre foram chaves indecifráveis da humanidade, desde as civilizações primitivas até o mundo moderno. Ciência e religião promovem há séculos um embate feroz, onde teorias são formuladas e refutadas em igual intensidade e periodicidade. Charles Darwin, Buda, Alan Kardec, Maomé. Alguns nomes e identidades memoráveis que discerniram sobre o assunto sem chegarem a respostas, apenas a posicionamentos.

Essa pequena introdução serve como um simples aviso: Fonte da Vida, o novo filme do cultuado Darren Aronofsky (Pi, Réquiem para um sonho), pede, ou melhor, implora para o espectador embarcar livre de pré-conceitos, em todos os sentidos. Feito isso, preparem-se para a maior viagem de ácido financiada por um grande estúdio que o cinema moderno já produziu!

Ao contar a história do médico pesquisador Tommy (Hugh Jackman, no grande momento de sua carreira até o momento) que busca incansadamente a cura para o câncer que consome sua amada esposa (Rachel Weisz, dona dos olhos mais expressivos de Hollywood), Fonte da Vida embarca numa viagem lisérgica sem precedentes ao remontar a busca pela árvore da juventude na América Espanhola pelo explorador Tomás (novamente Jackman, barbudo e feroz) a pedidos da rainha ibérica Isabel (Weisz novamente) e ao viajar ao futuro dentro de uma bolha apresentado-nos ao seu ‘piloto’ Tom (Jackman, careca, existencialista e angustiante em sua solidão eterna). Parece complicado? Sim e não!

A forma como Aronofsky aborda e interliga as três histórias, com cortes precisos, transições fluentes e belíssimas rimas visuais (reparem como os pêlos da nuca da Izzy se confundem com os tricomas da árvore no passado e no futuro), facilitam em parte o entendimento do todo. Isoladamente as histórias se enfraquecem. Mas não foi de forma alguma a intenção do diretor dar sobrevida a cada uma delas. O filme tem que ser apreciado por inteiro, amparado pela magistral trilha sonora de seu habitual colaborador, Clint Mansell (Réquiem para um sonho).

A obsessão continua sendo o tema principal da filmografia do diretor. E aqui ela é potencializada. A busca pela juventude eterna, as tentativas intermináveis de encontrar a cura do câncer, a viagem rumo a uma estrela moribunda. Tomás/Tommy/Tom personificam o ousado, o persistente, o obsessivo. Mas desta vez as obsessões são fomentadas pelo amor. E isso se torna o grande diferencial da obra. Eis aqui a mais bela história de amor contada pelo cinema em muito, muito tempo.

Os vinte minutos finais de Fonte da Vida representam tudo aquilo que Hollywood detesta. Mas são os vinte minutos mais impactantes e originais que a mesma Hollywood produziu em anos. O nó cego (ou seriam os nós?) que Aronofsky promove assusta, emociona, impressiona e, fato constatado, repele. O filme foi um grande fracasso de bilheteira. Mas isso de forma alguma se mostra ferramenta de julgamento. O tapa na cara dado pelo diretor a toda indústria cinematográfica se apresenta extremamente corajoso. Se a consagração não veio desta vez é por que ela não se mostra necessária. Aronofsky já talhou seu nome na história cinematográfica com seus três pequenos clássicos.

Fonte da Vida é belo. Tão belo que me deixou sem ar e sem palavras. Tão belo que fiquei com receio de escrever sobre ele e não conseguir transmitir o que ele proporciona. É um filme assustadoramente triste, mas otimista. Suas pontas soltas são propositais. Cada pessoa, junto com suas crenças e convicções, irá interpretá-lo de uma maneira diferente. Maneiras estas convenientes às tais crenças e convicções. Ao final sufocante restam apenas algumas palavras: a tal fonte da vida, a tal árvore que promete a eternidade não está aqui, não está na Guatemala, nem dentro de uma bolha espacial. O amor e todas as conseqüências de um amor bem vivido é a grande e verdadeira fonte da vida.

By Céu

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6 Comentários:

Blogger ane. disse...

quando você diz que cada um interpreta à sua maneira, não mente.creio ser um filme feito para isso mesmo.para tocar cada um de um modo,para levar as mais insanas lisergias possíveis,e ao mesmo tempo,ser real,bem real.
não sei se gostei do texto, não sei se não gostei.bem como do filme.uma icógnita eterna.

terça-feira, abril 10, 2007  
Blogger novafísica disse...

Aronofsky é maravilhoso (amo). Não só a obsessão continua sendo tema principal, a busca por um "deus" não foge do meu ponto de vista, enfim. Amei o filme e está na lista daqueles que assistirei sempre. Entre esse e outros a trilha sonora de Pi e Réquiem me embreaga mais, nessa mesma seqüência. O mais instigante de tudo é o poder de interpretação que o telepectador é proporcionado diante do filme. Fonte da vida é para raros. Parabéns Céu!

terça-feira, abril 10, 2007  
Blogger Tatiana Mendonça disse...

Odiei horrores esse filme. sessão de biodança perde.

terça-feira, abril 10, 2007  
Blogger Elton Raville disse...

Baixando...

segunda-feira, abril 16, 2007  
Anonymous Anônimo disse...

primeira vez que vejo seu blog depois da repaginada, achei genial tanto esteticamente qto na escolha dos temas, na clareza e lucidez das opiniões escritas, na profundidade e na delicadeza minuciosa..
eis a arte de reter atenções!

quinta-feira, abril 26, 2007  
Blogger Joedson disse...

Adorei o filme, e concordo com anilina, cada um tem sua interpretação mesmo. Com certeza Aronofsky quis explorar a carga cultural (reliosa) que cada um traz até a frente da tela. E ele consegue isso de forma surpreendente. Não precisamos quebrar todos os conceitos para poder entender a 'mensagem' que ele quis passar. Estava ancioso pra ver a opinião de Céu sobre este filme tão... místico.

sexta-feira, abril 27, 2007  

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