Anestesia: Pecados Íntimos (2006)
Os subúrbios americanos, com suas belas casas pré-moldadas com jardins impecáveis e cercas brancas, escondem segredos e desejos reprimidos que o cinema e a televisão americana nos últimos anos vêm fazendo questão de desvendar. Do oscarizado Beleza Americana (Sam Mendes, 1999) a série de sucesso Desperate Housewives, o lado obscuro das donas de casa reprimidas e seus maridos ausentes e/ou infiéis vêm constantemente sendo alvo de discussões, seja em comédias de humor negro ou dramas inquietantes como esse Pecados Íntimos (Little Children, 2006).
Alguns anos após o sucesso de Entre Quatro Paredes (In the bedroom, 2000), o cineasta Todd Field volta à cena e direciona sua câmera sempre naturalista para a hipocrisia que habita os lares aparentemente perfeitos da América. A teia de personagens revela frustrações profissionais, perversões sexuais, pedofilia e casamentos falidos. O ponto de partida é a liberação, em condicional, de Ronnie (Jackie Early Haley, em excelente atuação), um molestador de crianças. Tal fato leva medo e paranóia ao belo e pacato bairro, apesar de Ronnie representar apenas a porção visível do desequilíbrio daquela sociedade.
A trama principal gira em torno de Sarah (Kate Winslet, em seu melhor papel desde Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças) e Brad (Patrick Wilson, de O Fantasma da Ópera). Casados e descontentes com seus respectivos parceiros, se conhecem casualmente em um playground. A atração é inevitável. E o casal incendeia a tela. Sarah representa a lucidez e a covardia: inteligente o suficiente para reprimir e cutucar a mediocridade que a rodeia, porém sem atitude para mudar o próprio destino. Brad traz a frustração: formado em Direito, mas sem conseguir aprovação no exame da ordem, depende exclusivamente da bem sucedida esposa Kathie (Jennifer Connelly, bela como nunca e pouco aproveitada).
A força de Pecados Íntimos reside justamente na composição de seus personagens. Os seres errantes mostrados na tela causam comoção, pena, repúdio e asco. Mas não é um filme feio, pelo contrário. Os belos planos criados pelo diretor nos dão a impressão exata de quão mascarada é a felicidade dos americanos. A narrativa de Field é envolvente, convidativa, silenciosamente sedutora, como quem cochicha segredos inconfessáveis nos ouvidos atentos da platéia. A imagem mais marcante do filme recorre aos seus mais encantadores personagens (algo perdido com a infeliz tradução do título do filme para o português). É a origem de problemas maiores, tais como as tragédias em Columbine e Virginia. Pode soar pessimista. Apesar do final extremamente moralista, Pecados Íntimos é perturbador por não exorcizar tais medos, e sim potencializá-los.
By Céu
Alguns anos após o sucesso de Entre Quatro Paredes (In the bedroom, 2000), o cineasta Todd Field volta à cena e direciona sua câmera sempre naturalista para a hipocrisia que habita os lares aparentemente perfeitos da América. A teia de personagens revela frustrações profissionais, perversões sexuais, pedofilia e casamentos falidos. O ponto de partida é a liberação, em condicional, de Ronnie (Jackie Early Haley, em excelente atuação), um molestador de crianças. Tal fato leva medo e paranóia ao belo e pacato bairro, apesar de Ronnie representar apenas a porção visível do desequilíbrio daquela sociedade.
A trama principal gira em torno de Sarah (Kate Winslet, em seu melhor papel desde Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças) e Brad (Patrick Wilson, de O Fantasma da Ópera). Casados e descontentes com seus respectivos parceiros, se conhecem casualmente em um playground. A atração é inevitável. E o casal incendeia a tela. Sarah representa a lucidez e a covardia: inteligente o suficiente para reprimir e cutucar a mediocridade que a rodeia, porém sem atitude para mudar o próprio destino. Brad traz a frustração: formado em Direito, mas sem conseguir aprovação no exame da ordem, depende exclusivamente da bem sucedida esposa Kathie (Jennifer Connelly, bela como nunca e pouco aproveitada).
A força de Pecados Íntimos reside justamente na composição de seus personagens. Os seres errantes mostrados na tela causam comoção, pena, repúdio e asco. Mas não é um filme feio, pelo contrário. Os belos planos criados pelo diretor nos dão a impressão exata de quão mascarada é a felicidade dos americanos. A narrativa de Field é envolvente, convidativa, silenciosamente sedutora, como quem cochicha segredos inconfessáveis nos ouvidos atentos da platéia. A imagem mais marcante do filme recorre aos seus mais encantadores personagens (algo perdido com a infeliz tradução do título do filme para o português). É a origem de problemas maiores, tais como as tragédias em Columbine e Virginia. Pode soar pessimista. Apesar do final extremamente moralista, Pecados Íntimos é perturbador por não exorcizar tais medos, e sim potencializá-los.
By Céu
Marcadores: anestesia
5 Comentários:
sendo, como é.
os sussurros no ouvido provocam sensações extremas.vontade de fazer.
eu não posso lembrar desse filme que me dá arrepios... só porque eu sou a moça das unhas azuis...
Cadê os posts desse blog?
Leo
se usa atualizar blog :p
beijo, saudade marcel!
filme maravilhoso...caiu na minha cabeça de supetão
;*
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